Dois forrozeiros franceses descobrem o mundo de Itaúnas

(do ForróLetters #6)

A Claire, de Lille, e o Michel, de Paris, passaram quase dois meses a viajar pelo Brasil e não podiam perder uma paragem em Itaúnas para o festival! Tivemos a oportunidade de lhes fazer algumas perguntas!

Claire, Michel, obrigado pelo vosso tempo! Fale-nos um pouco da sua primeira vez na FENFIT.

Se tivesse de descrever Itaúnas com apenas algumas palavras, quais é que usaria?

Claire: apaixonada, sem parar, diversificada

Michel: intenso, viciante, rico em emoções

Ambos participam regularmente em festivais na Europa. Quais são as principais diferenças de um festival na Europa?

Em primeiro lugar, o ritmo e a duração do festival. Dura todo o dia e toda a noite, a música é contínua, as bandas e os DJs sucedem-se durante quase 9 dias seguidos. Não temos festivais como este na Europa!

Há também vários locais para ouvir música e dançar neste festival, que tem três programas principais.

É também um lugar cheio de história – história do forró! Sente-se em qualquer instante!

Uma das principais diferenças: Há muito pó, especialmente na padaria, onde o pessoal rega frequentemente o chão para evitar que se tenha de dançar numa nuvem de pó!

O consumo de bebidas é muito mais elevado, com ou sem álcool, e a qualquer hora do dia, mesmo de manhã. Em qualquer esquina há cerveja, gin tónico, caipi, refrigerantes e, sobretudo, catuaba e catuçai, bebidas locais.

É necessário comprar bilhetes com antecedência?

Não, não necessariamente, pode comprar os bilhetes diretamente na entrada. Existe também uma oferta mais variada, nomeadamente uma taxa de solidariedade: um bom preço em troca de alimentos, geralmente um quilo de arroz, feijão, cereais.

E quanto aos workshops?

O horário dos workshops é menos intenso, havendo apenas dois cursos por dia, de cerca de uma hora cada, durante a tarde. Na Europa, temos muito mais oportunidades de aprender novos passos e novos estilos com diferentes professores durante um festival. Mas há actividades como concursos profissionais e amadores, conferências e workshops culturais.

Fale-nos um pouco sobre os concertos ao vivo!

Há um verdadeiro entusiasmo pelas bandas que lá actuam. Como actuam no seu país de origem, o Brasil, o concerto é mais intenso e o público é mais recetivo porque conhece todo o seu repertório.

E o próprio Itaúnas?

Toda a aldeia gira em torno da festa: pousadas, restaurantes, lojas e bancas de roupa, sapatos, malas e cintos, acessórios, os vendedores ambulantes de bebidas…. Tem-se a impressão de que toda a aldeia respira o ritmo da festa!

O estilo de dança é diferente do que conhece?

Havia professores em Itaúnas que conhecíamos porque vinham às vezes dar aulas na Europa, então alguns dos estilos eram familiares para nós. No entanto, pudemos descobrir outros estilos porque existe um vasto leque de escolas e professores de dança em todo o país, com tantas possibilidades. Foi fantástico descobrir estes outros estilos. O forró tem infinitas possibilidades na sua dança!

Como é que as pessoas reagem quando ouvem dizer que é da Europa? Será que todos sabem que também existe forró na Europa?

Muitas vezes, ficam surpreendidos por virmos de tão longe para dançar. Nem sempre sabem que existem tantas escolas e músicos de forró na Europa.

Rudolfo Batista e Zeu Azevedo, entre outros, tocaram em Itaúnas este ano e aproveitaram a oportunidade para representar e divulgar o nosso forró na Europa.

Vais voltar?

Sim, sem dúvida! Mas além de Itaúnas, nessa época do ano, há outros eventos como a Festa Junina em todo o país, o Forró de Alegria em Búzios…. Divertimo-nos imenso e recomendamos, sem dúvida, que se vá lá uma vez na vida – ou mais :)

Um grande obrigado a vocês, Claire e Michel, por partilharem a vossa experiência!

E vocês, caros leitores? Você já esteve em Itaúnas?