Numa quinta-feira à noite, no Jardim da Estrela, em Lisboa, eu, Sonja Graf, encontrei-me com Dor de Jaffa para saber um pouco mais sobre a comunidade do forró em Israel. Dor está a preparar-se para ser psicoterapeuta corporal e viajou de Israel para Lisboa durante quatro meses para absorver o máximo de forró possível. Descobriu o forró há pouco mais de um ano e, tal como a maioria de nós quando descobrimos o forró, está completamente apaixonado por esta dança e, atualmente, tem aulas seis vezes por semana e vai a todas as festas que consegue encontrar. Como não tinha conhecimento da existência de uma comunidade de forró em Israel, quis saber mais:
(do ForróLetters #5)
Fale-nos um pouco sobre o forró em Israel!
Assim, existe uma comunidade de forró em Israel, constituída maioritariamente por israelitas que aprenderam forró. Alguns deles são israelitas nascidos em Israel e outros são brasileiros que vivem em Israel e trouxeram as suas culturas, como o forró, o samba e outras músicas brasileiras. A comunidade é constituída por algumas dezenas de pessoas que são realmente activas na comunidade e outras centenas que sabem dançar forró.
Quem iniciou a comunidade em Israel?
Eu diria que há quatro personagens principais que lideram os eventos de forró e ensinam. São eles Mai Grafi Halevy, Omri Makdasi, Geffen Ben Yossef e Noa Peled.
Onde se situa a comunidade?
A sua sede é, diria eu, em Telavive, mas há outras cidades que organizam pequenos eventos de forró e, por vezes, há também um fim de semana de forró no norte de Israel, junto ao Mar da Galileia e em Pardes-Hana.
Existem aulas regulares?
Não sei o que está a acontecer em Telavive neste momento, mas normalmente há uma aula de duas em duas semanas. Por vezes há dois níveis, forró zero e “progressores” e depois da aula há normalmente uma festa. A comunidade ainda é jovem, tem cerca de quatro anos, mas está a crescer.
Que bandas têm em Israel?
Existem três bandas em Israel: Baticumpé, Quatro no forró e Brasil for all. São constituídos por uma mistura de brasileiros e israelitas.
Quando é que regressa a Israel e o que é que vai trazer daqui para a comunidade do forró?
Vou juntar-me ao esforço de promoção do forró para que mais pessoas possam desfrutar também e eu possa dançar mais. Gosto muito do facto de muitas pessoas aqui o promoverem, dando aulas, fazendo eventos, brincando na rua. Se pudesse, dançava lá todos os dias!
É muito divertido falar com você Dor, porque eu vejo como nasce um fanático por forró!
Sim, é bastante agradável porque sinto a mesma sensação com o forró aqui em Lisboa e em Israel. Quando saí, o forró estava a ser muito amigável e familiar. E quando vim para cá, depois de ter dançado algumas vezes com as pessoas em Lisboa, senti o mesmo! Há o mesmo fio condutor em todas as comunidades, acho que de uma maneira especial, mas há algo muito parecido em todas as comunidades de forró.
O que achas que é esse “fio”? Como é que o descreveria?
Eu diria que é ouvir música divertida, por vezes emocional, calmante e excitante e partilhar a mesma alegria de dançar íntima e livremente com outras pessoas. Às vezes sinto-me mesmo a flutuar! Eu flutuo mesmo, se for uma boa dança!
Ok, mas o que é que faz com que uma boa dança seja boa? O que é que faz dela uma “dança flutuante”?
Ainda não sei. Acho que se baseia na ligação entre a vontade de ambas as pessoas de se divertirem. Não levar as coisas demasiado a sério. Para mim, gosto muito do facto de a dança estar sempre a mudar e de poder passar de líder a seguidor, por isso tenho algumas pessoas com quem posso fazer isso. E acho que há todas as coisas físicas como a oxitocina e quando abraçamos alguém. Penso que é a combinação de tudo isso. E é por isso que consigo fazê-lo durante horas!
O que faz de si o viciado em forró que é?
Essa é uma boa pergunta, porque combina a minha paixão pela dança, mas também os diferentes aspectos da minha vida. O que realmente mudou aqui foi o facto de sempre ter sentido que, como líder, sou 100% responsável pela dança e isso era muito semelhante à forma como eu pensava sobre a vida em alguns aspectos. E foi aqui que compreendi que é realmente 50/50 e que partilhamos a responsabilidade pela nossa dança. Além disso, ser homem e estar à vontade para mexer as ancas era algo novo para mim! Sinto realmente que amadureci só por dançar, algo em mim mudou realmente na minha perspetiva.
E como é que descobrimos onde ir ao forró em Israel?
Existe um grupo no Facebook chamado We Love Forró Israel e uma página para que, se alguém vier, possa entrar em contacto. Também temos um grupo de whatsapp em PT/EN/HE para actualizações. Posso ligar qualquer pessoa ao grupo de whatsapp, envie-me uma mensagem.
Muito obrigado Dor, gostei muito de saber mais sobre a cena do forró em Israel!
E tu? Já dançou em Israel? Partilhe a sua experiência nos comentários! Gostaríamos de o ouvir!